segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"ÔRRA MEU" - A MAIS BREVE TORCIDA ORGANIZADA DO MUNDO

Estávamos no começo dos anos 90, a guerra do Golfo se tornava realidade assim como a soja transgênica.
Tinham acabado de morrer Freddie Mercury e Miles Davis. A novela da moda era "Vamp" e estreava na globo a mini-série "O Sorriso do Lagarto".
Collor era presidente com Itamar de vice, FHC era senador, Lula deputado federal e Erundina a prefeita de SP.
O Estrela Vermelha conquistava o Mundial Interclubes e o Colo-Colo, a Libertadores.
Trabalhávamos todos no DATAFOLHA, pesquisa era nossa área, festas e shows, nosso lazer e o futebol, a diversão comum. Havia só um problema, como torcíamos para times diferentes, não podíamos ir junto aos estádios (a violência já existia nas arquibancadas e a separação das torcidas também).
Não lembro de quem foi a idéia, mas a solução que encontramos foi fundar uma torcida organizada de um time paulistano que fosse simpático a todos. Claro, o time escolhido por unanimidade foi o Juventus, da gloriosa Rua Javari.
O nome da torcida foi fácil escolher, time do bairro da Mooca, "Torcida Ôrra Meu" !!!
Minha memória provavelmente confundirá alguns personagens, mas o fanático corintiano Fábio Tura se encarregou da infraestrutura (federação/ licença/ polícia - já precisava de tudo isso!), a também corintiana Roberta e a palmeirense Edna cuidariam da confecção da faixa. Participavam da torcida os palmeirenses Mauro, Magaly e Barone, os corintianos Maurício e Petraglia, os são-paulinos Adilton e Cynthia, o santista Luis (eu mesmo!) e a lusitana Soninha. Tenho certeza que estou esquecendo vários componentes, mas acreditem, o começo dos anos 90 não fez bem à memória de ninguém.
Marcamos a estréia da torcida para um sábado à tarde no estádio Conde Rodolfo Crespi, mas apareceu um problema, Tura nos informou que não poderíamos levar faixa e nem irmos uniformizados - a polícia exigia uma "burocraciada" de documentos e comprovantes e taxas e...
Não desistimos, a idéia era nos divertirmos juntos, torcendo no estádio e depois comermos uma bela pizza no tradicional bairro italiano, iríamos sem faixa e descamisados.
No dia do jogo publicaram até uma mini-nota sobre a estréia da "Ôrra Meu" (vantagens de se trabalhar em um jornal), marcamos na porta do "folclórico" estádio e entramos todos prontos para a festa.
O jogo era Juventus e ê ê ê "fudeu", esqueci o nome do adversário, mas era um tradicional time do interior paulista.
Já no estádio, fomos procurados e interpelados pelo presidente da organizada "Ju-Jovem", ele estava preocupado em perder a primazia de representar os "milhões de juventinos espalhados pelo universo" e provavelmente ter que dividir as "mordomias" que a diretoria lhe proporcionava. (sim, meus amigos, o mundinho do futebol já era podre na época).
Vocês querem saber do jogo? Foi um horrível 0x0, mas a pizza "regada" a chope foi fantástica.
As adversidades e a burocracia fizeram com que a "Ôrra Meu" nunca mais se reunisse em um estádio, com o tempo os componentes foram trilhando seus próprios caminhos na vida.
Este post nasceu com o intuito de reverenciar a “mais breve torcida organizada do mundo” e, principalmente, lembrar de uma época em que as pessoas ainda tinham tempo para se encontrar de forma "não virtual" e comemorar as pequenas felicidades que a vida podia proporcionar.
Ôrra meu, que saudades.
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PS. Este post foi escrito por mim, atendendo a um pedido de amigos, especialmente, para a inauguração do blog Futeblogosfera, em 24/08/2009. Passado, aproximadamente, um mês da publicação original, reproduzo aqui em meu blog.

3 comentários:

rose borges disse...

Hoje mesmo na Bandnews, o Luis Megale recomendou coisas que os cariocas deveriam conhecer em S. Paulo e disse que , já que o Rio tem o Maracanã, os cariocas deveriam conhecer o Juventus. O estádio mais charmoso do Brasil! É isso.

Ricardo Pucci disse...

Nossa heim cara, sou juventino, faço parte da Setor-2, uma outra torcida. Ainda bem que o serjão não proibiu a Setor-2 de entrar.
Que boa historia cara

Caio di Pacce disse...

O Megale é sensacional!
E a Javari então, é o melhor palco para ver uma pelota rodar.

Abraços Grenás!