domingo, 16 de agosto de 2009

EMBALANDO AS ANÁLISES NA DANÇA DOS ÍNDICES

Hoje o DATAFOLHA divulgou os resultados de várias pesquisas. Entre todas, a Folha de S.Paulo optou por dar mais destaque à pesquisa eleitoral para presidente (poderia ter optado pelos 67% de ótimo/bom na avaliação do segundo mandato de Lula ou pelos 44% de ruim/péssimo do congresso).
Li e reli os resultados publicados da eleitoral e, sinceramente, não encontrei nenhuma novidade nesta tomada feita agora, entre 11 e 13 de agosto, comparada à última realizada entre 26 e 28 de maio.
Serra (37% - oscilando 1 ponto percentual para baixo, dentro da margem de erro de 2 p.p.) se mantém na esperada liderança, é o mais conhecido, já foi candidato a presidente e ocupa o cargo de governador do estado mais populoso do país, com direito a máquina estadual e a propaganda decorrente. Pequena surpresa foi a oscilação negativa de 1 ponto percentual com a entrada de Marina Silva no cenário, não pela inexpressiva oscilação, mas por aparentemente Marina tirar mais votos do tucano do que da Ministra Dilma. Não era o que esperava a cúpula psdbista, mas ainda é cedo para julgamentos.
Dilma se mantém em segundo (16% repetindo o resultado anterior) e não configura nenhuma surpresa. Não foi afetada até este momento pelo caso "Lina" e não ganhou pontos com o PAC. Os escândalos do senado, somados à Gripe A e à provável candidatura de Marina tomaram todo o espaço da mídia nestes últimos tempos, sobrou pouco espaço para maior divulgação da candidata pelo "puxador" e popular Lula. A pequena novidade a ser comemorada pela pré-candidata aparece no cenário com Marina: não houve retração dos votos, pelo contrário, manteve-se estável (oscilou 1 ponto percentual para cima, chegando a 17%).
Pouco a falar sobre Ciro Gomes, manteve os mesmos 15% e a dúvida sobre sua candidatura. Heloísa Helena oscilou positivamente para 12% (tinha 10% em maio) e também não perdeu os pontos esperados pelo PSOL com a candidatura de Marina.
Já Marina Silva enfrentou sua primeira pesquisa com mais abrangência de amostra (4.100 casos) e metodologia calcada em entrevistas pessoais em pontos de fluxo (a pesquisa da Ipespe usou entrevistas por telefone), marcou 3%. Não há como comparar pesquisas com diferentes metodologias e cenários, teremos que aguardar a próxima Datafolha para saber se Marina avançará, se até lá ela já tiver decidido que vai mesmo seguir esta “trilha”.
Meus caros leitores e leitoras, eu trabalho com pesquisas há mais de vinte anos, tempo bastante para saber que pesquisas eleitorais realizadas mais de um ano antes das eleições e com cenários de candidatos ainda indefinidos não são parâmetros para o que vai acontecer, apenas refletem o momento e as especulações. Os resultados apresentados por esta pesquisa do Datafolha, e outras mais que devem "pipocar" deste momento em diante, receberão diversas análises, em geral com os "analistas de pesquisa amadores" puxando seus artigos para a própria seara de interesse.
Não acredite em mim ou em ninguém, procure ler os números e tirar conclusões por sua própria "cabeça". Leia tudo o que puder, mas construa, mantenha e aperfeiçoe suas próprias opiniões. O Brasil agradece.


3 comentários:

Marta de Assis Souza disse...

Concordo com a análise, finalmente alguem do "ramo" explica os resultados de uma pesquisa sem os tradicionais "leros, leros" da mídia parcial ou de aproveitadores de plantão. Muito bom, gostei.

Marcondes disse...

Análise legal, queria entender melhor está margem de erro. obrigado

Lu Poggi disse...

Ótimo texto! Valeu pelas dicas!
Bj.